Exposición
Virtual
Brasil
Inauguración: 26/09/2024
Cierre: 04/11/2024

Na década de 1960, artistas despreocupados com as convenções instituídas experimentaram técnicas e formas inusitadas cujo impacto motivou um corte epistemológico na história da joalharia.

Caio Mourão (Brasil, 1933-2005) foi um dos pioneiros desse movimento no Brasil, contribuindo para essa ruptura nas décadas de 1960 e 1970 e, nos anos 1980, fundou o Atelier Mourão no Rio de Janeiro que ainda hoje inspira novas gerações.

Em Portugal, na mesma época, também surgiram transformações na joalharia. Cristina Filipe investigou esses primeiros movimentos e publicou, em 2019, o livro Joalharia Contemporânea em Portugal: Das Vanguardas de 1960 ao Início do Século XXI. Em 2023, desafiou a investigadora Ivete Cattani a colaborar num workshop intensivo sobre a obra de Caio Mourão, tema de sua pesquisa doutoral. O workshop, realizado entre 28 e 30 de abril de 2022 no Atelier Mourão, resultou numa série de estratégias criativas – arriscadas e imprevistas – que desafiaram os participantes a uma imersão intensiva na história da joalharia contemporânea e a uma revisitação da obra de Caio Mourão.

A exposição Riscos e Imprevistos: Estratégias Criativas a partir da Obra de Joalharia de Caio Mourão reúne dois corpos de trabalho que inclui imagens das obras de Mourão e imagens do processo criativo dos participantes do workshop. A exposição visa divulgar a obra de Mourão e os resultados inovadores do workshop.

Actividades

INTRODUÇÃO À VIDA E OBRA DE CAIO MOURÃO

O workshop teve início com uma palestra sobre a obra e a vida de Caio Mourão pela investigadora convidada Ivete Cattani.

ENCONTRO COM AS JOIAS DE CAIO MOURÃO

Seguiu-se uma apresentação ao vivo das joias de Caio Mourão durante um almoço em Ipanema, em que todos os participantes puderam usar/experienciar uma destas joias escolhida propositadamente para si.

LEITURA DO JORNAL 'O GLOBO': PRIMEIROS ESTUDOS E MAQUETES

Com uma forte consciência do modus operandi de Caio Mourão, e seguindo-o, partiu-se da leitura do jornal "O Globo" do dia e do modo como a atualidade do mundo poderia servir de estímulo para um novo trabalho.

A partir de palavras e de imagens encontradas nesse jornal, respetivamente, e estabelecendo relação com o seu conteúdo, cada participante projetou duas joias.

PROCESSO CRIATIVO: DEBATE, QUESTIONAMENTO E AFINIDADES ELETIVAS

O debate, questionamento e as afinidades eletivas que se foram estabelecendo ao longo do processo criativo com a postura e obra de Caio Mourão foram muito significativas e gratificantes.

TRABALHO DE CAMPO: PESQUISA NO BAIRRO DE IPANEMA

Ao longo do workshop foi feita uma visita à Casa de Pedra, um lugar icónico em Ipanema, onde Caio Mourão viveu e teve o seu atelier, e os participantes tiveram de explorar o bairro onde este artista foi grande ativista e uma presença marcante, para aí encontrar materiais e potenciais portadores para as suas peças.

EXEMPLOS DE ARTISTAS INTERNACIONAIS CONTEMPORANÊOS DE CAIO MOURÃO

Foram ainda feitas apresentações sobre artistas contemporâneos de Caio Mourão, nomeadamente a portuguesa Kukas (n. 1928), com quem Caio se encontrou nos anos 1960 em Lisboa e no Rio de Janeiro, e o alemão Hermann Jünger (1928-2005) também ele um dos pioneiros internacionais, artista e professor em Munique.

APRESENTAÇÃO FINAL

Na apresentação final mostrou-se um breve filme da Ivete Cattani sobre a vida e obra de Caio Mourão e ouviu-se o tema «Imagine», de John Lennon, que Caio pediu que fosse passado no dia do seu funeral em 2005.

ENCERRAMENTO

O encerramento foi feito com a leitura de uma carta redigida pela diretora Lívia Mourão, a investigadora Ivete Cattani e a orientadora do workshop Cristina Filipe, assinada por todos os participantes do workshop e a ser enviada para a organização da Bienal de São Paulo.

Trata-se de uma réplica da carta de Caio Mourão, enviada em 1963 para a Bienal de São Paulo, a propor integrar a joalharia na programação. Na altura o pedido foi aceite e durante várias edições, entre 1963 e 1975, um núcleo de joalharia artística, de artistas brasileiros e estrangeiros residentes no Brasil, integrou sempre a programação da Bienal.

Contudo, com o passar do tempo, deixou de integrar e, assim, propôs-se este workshop replicar essa carta e colocar à consideração dos seus organizadores a integração, de novo, de joalharia contemporânea na sua programação.

Participantes

Andrea Ferreira Borges / Caio Mourão / Cristiane Arenas / Cristina Filipe / Dalva Oriana / Francisco Garcia / Ivete Cattani / João Pedro Vellaco / Livia Mourão / Lucia Abdenur / Matheus Guinle / Miriam Andraus Pappalardo / Paula Mourão