VALE QUANTO PESA?
A expressão “vale quanto pesa”, escolhida como referência para o tema dessa exposição, tem o intuito de provocar e questionar vários aspectos relacionados a ideia de valor, mercado, tradições, lendas e costumes.
O que um objeto pode carregar para além de seu valor material?
Tantas estórias e histórias reforçam o imaginário em relação ao tema da exposição:
Na Índia, no aniversário do marajá, era costume que ele se sentasse em um dos pratos de uma balança e do outro lado colocavam-se joias e pedras preciosas até igualar a seu peso e assim atribuir um valor e seu “merecido” presente; Uma primeira explicação de origem europeia deste termo, diz que, durante a Idade Média, povos nórdicos costumavam cobrar uma indenização às pessoas que cometessem assassinatos, para que o preço da pena fosse estipulado, tinha-se o estranho costume de pesar a pessoa morta, de tal modo que o valor deixado à família do morto era diretamente proporcional ao peso do falecido; Em terras brasileiras, nos tempos da escravidão, era comum que o valor de uma pessoa escravizada fosse estipulado a partir de sua idade e de seu peso, quando então começa a se popularizar o termo “vale quanto pesa”.
Como comparar um quilo de algodão a um quilo de chumbo? Matérias tão distintas, mas que poderiam ser avaliadas considerando não apenas seu peso, mas também seus volumes, ou densidades. Ou então, como contrapor uma grama de ouro a uma grama de sal? Certamente poderíamos confrontar seus valores, ou então a forma como são encontrados ou extraídos da natureza.
O diamante, muitas vezes tão pequeno pode chegar a valores exorbitantes, carregando também suas marcas de sangue. No Brasil, o garimpo ilegal, de forma progressiva, toma uma proporção avassaladora, invadindo terras indígenas e ganhando escala industrial em sua extração e comercialização, e ainda com regulamentação e fiscalização bastante frágeis e antiquadas para os meios e recursos do mundo atual. Quantas vidas estão em jogo? Vale o quanto pesa?
Podemos também ver ao longo da história de guerras e peregrinações, quantas vidas foram salvas através de pequenos objetos, levados como relíquias, ou mesmo transportados de forma escusa ou velada. Recordações, memórias, amor, ódio, relações entre pessoas, que peso têm em nossas vidas?
Da comida a granel ao prato de comida vendido a quilo, vale quanto pesa? Quando pensamos em sustentabilidade, e descobrimos quantos planetas cada um ainda precisa para suprir seus anseios e hábitos, quanto vale? E na avaliação da compensação entre natureza e revolução industrial, a conta fecha?
O que um objeto pode carregar para além de seu valor material? Que tipo de balança realmente precisamos, quando se pensa em distribuição de renda? Atualmente, ainda vemos que o peso determina o preço de vários produtos, em diversos setores, a mão de obra e vidas envolvidas ainda estão por trás dessas medidas. Entre as mil possibilidades, convidamos a todos para compartilharmos reflexões. Vale Quanto Pesa?
Finalizamos com as lindas palavras de Luiz Melodia:
“Quanto você ganha pra me enganar
Quanto você paga pra me ver sofrer
É quanto você força pra me derreter”
A expressão “vale quanto pesa”, escolhida como referência para o tema dessa exposição, tem o intuito de questionar e provocar aspectos relacionados a ideia de valor, mercado, tradições, ditos, crenças, lendas e costumes, normas, parâmetros e/ou paradoxos. O que um objeto pode carregar para além de seu valor material?
Delírios, humor, vícios ou virtudes? O quão subjetivo ou imperativo pode ser um juízo de valor?
Curadoria: Miriam Andraus Pappalardo e Renata Porto
Artistas:
Alice Lobato, Arthur Fajardo, Camila Fontana, Camila Ligabue, Carmen Ciancio, Carol Bergocce, Chris Cunali, Clau Senna, Cris Arenas, Daniela Foresti, Erica Carvalho, Esperança Leria, Fabi Malavazi, Fabiana Queiroga, Giuliana Mantovi, Iza Trinas, João Pedro Vellaco, Márcia Cirne, Mariana Tostes, Miriam Mamber, Nathalia Canamary, Nina de Marco, Renata Meirelles, Sueli Isaka, Thais Costa, Thais Squillaro